terça-feira, 9 de agosto de 2011

Ramadã, Ramadan, رَمَضَان no Bahrein

É verão no Bahrein, média de 35, 40, chegando até 47, 48 graus, impossível ficar fora do ar condicionado, em uma outra oportunidade vou tentar explicar a sensação de ficar por alguns segundos ao ar livre... É algo como entrar numa sauna seca de roupa!!!
Mas agora vou falar sobre o Ramadã, que começou  no dia 01 de agosto e terminará no dia 30 deste mês. Já havia passado pelo Ramadã, em 2009 na Síria, mas há uma enorme diferença, pois aqui é lei!

Bom, pra começar, vou explicar o que é, e como é essa tradição obrigatória no Islã. O calendário Islâmico é lunar, ou seja, baseado nas fases da lua e não como a maioria do ocidente que é solar. Por isso, o Ramadã não é celebrado todos os anos na mesma data, e pode passar por todos os meses do ano, mas sempre com duração de 29 a 30 dias. Durante esse período, os muçulmanos fazem jejum do nascer ao por-do-sol. Esse ritual de jejum (suam), é o quarto dos cinco pilares do Islã, que todo muçulmano deve seguir. É proibido comer, beber ou ter relações sexuais nesse período. É tempo de renovar a fé, praticar a caridade e a convivencia familiar com mais intensidade, tempo de reflexão pessoal, leitura mais assídua do Alcorão e ida com mais frequência à mesquita.

Para os muçulmanos,  foi nesse período que Deus, ou Alá, revelou os primeiros versos do Alcorão. De acordo com o Islamismo, um comerciante chamado Maomé estava andando em um deserto perto de Meca  (Arábia Saudita) e uma voz vinda do céu o chamou. Foi a voz do anjo Gabriel que falou que Maomé tinha sido escolhido para receber a palavra de Alá. A partir disso, Maomé começou a falar os versos que seriam transcritos, formando o Alcorão, o livro sagrado do Islã.

No período do Ramadã,  jejuar é obrigatório a todos os muçulmanos que chegam à puberdade. Como sempre sou curiosa, perguntei para os muçulmanos lá do trabalho e alguns deles começaram o jejum ainda crianças, com 9, 10 anos de idade. Disseram que nos primeiros dias não é fácil, mas que se acostumam e que amam o Ramadã, pois se sentem bem e saudáveis (fisica e espiritualmente) com essa prática.

A primeira vez em que um jovem é autorizado pelos pais a fazer o jejum, é algo muito importante que simboliza a entrada na vida adulta e de acordo com o Alcorão: "...aquele dentre vós que presenciou a Lua Nova deste mês (Ramadã), deverá jejuar, e aquele que se encontrar enfermo ou em viagem, jejuará depois o mesmo número de dias...". (Alcorão, Versículo 185)

Em alguns casos, o jejum pode ser dispensado, como para doentes, mulheres grávidas ou no período de amamentação, menstruação, idosos, pessoas que estão viajando... Porém, se o muçulmano não se encaixa em nenhum desses casos e comer, beber, ou tiver relação sexual durante o período do jejum, o jejum será anulado e será obrigatório compensar em dobro, ou seja, fazer o jejum por 60 dias sem parar.

Eles não apenas devem ficar sem comida, bebida, cigarro e sexo, como também não devem pensar nessas coisas e precisam estar concentrados em suas orações, devem ficar longe dos maus pensamentos e más ações, pois o jejum é uma prática de disciplina espiritual e moral.

Quando falo de jejum de bebida, quero dizer água, suco, refrigerante, já que teoricamente muçulmano não bebe álcool! Aqui no Bahrein há um lugar (e acho que apenas 1 lugar), onde podemos comprar todos os tipos de bebidas alcoólicas, é como um depósito (autorizado) e é claro que na época do Ramadã o lugar é fechado, pois a venda é proibida.  Então, na véspera de começar o jejum dos muçulmanos, fomos comprar cerveja, e foi impressionante ver a quantidade de estrangeiros fazendo filas e comprando caixas e caixas de cerveja, wisky, vodka... Nossa, parecia o fim do mundo, parecia que iriam ficar 1 ano e não 1 mês sem bebida, era indiano, americano, europeu, filipino, todo mundo fazendo seu estoque para os próximos 30 dias... carrinhos de supermercados cheios de bebidas, era até dificil andar pela loja. Uma experiência bem interessante ver esse contraste de culturas e crenças.

Como o Ramadã é um ritual, para aguentarem mais de 12 horas sem comida e bebida, antes do sol nascer, durante a madrugada, os muçulmanos fazem uma refeição, chamada su-hoor, para a preparação do jejum que estará por vir.

E quando o dia termina, com o por-do-sol, é obrigação do muçulmano quebrar o jejum imediatamente. A refeição depois do jejum, chama-se iftar, e é o momento para reunir os membros da família e amigos para quebrar o jejum e celebrar. Para essa refeição há horários específicos, há um calendário baseado na lua que diz a hora e minutos exatos para cada dia do mês. Após esta refeição, é comum sair com a família para visitar amigos e familiares e se reunirem para rezar.

Neste momento os restaurantes voltam a abrir, já é permitido comer em público, tudo volta a funcionar e o movimento nas ruas é grande. Na época do Ramadã, a vida é noturna, o trânsito que seria normal ao meio-dia, passa para meia-noite e vai até 2, 3 da madrugada, quando os muçulmanos voltam para casa para a refeição antes de recomeçar o jejum, e assim fazem durante o mês todo.

Logo na primeira semana do Ramadã, um conhecido nosso, cristão e de nacionalidade Russa, estava fumando no carro e foi parado pela polícia. Demorou para ele saber o motivo, mas o policial foi claro: "É proibido fumar no Ramadã".  A pena foi apenas um aviso, pois aqui no Bahrein a polícia e os árabes são mais tolerantes, já que mais da metade da população é estrangeira, não é como na Árabia Saudita, por exemplo, onde eu nem imagino o que aconteceria!

Alguns indianos não tiveram a mesma sorte, de acordo com um jornal local, eles estavam em alguma avenida comendo maçã e quando a policia perguntou o que eles estavam fazendo, eles disseram que não estavam comendo, apenas bebendo!!! Beber, comer, fumar, tudo é proibido, e lá se foram pra delegacia... Pagaram uma multa (que ainda quero descobrir o valor) e tudo certo. Com certeza aprenderam que os muçulmanos levam muito a sério esse período do Ramadã e como estamos em um país com leis Islâmicas, devemos respeitar. Olha, nem chiclete é bem vindo, temos que jogar fora antes de sair do carro pra não correr o risco de ouvir alguma reclamação.

E assim vamos, até o final do mês, com certeza ainda terei muita história pra contar!!!


terça-feira, 29 de março de 2011

Os conflitos no Bahrain: 1 mês de protestos

1 mês do começo dos conflitos, e a situação continuava a mesma,  Fórmula 1, Festival de Primavera, feiras, eventos, shows, tudo foi cancelado. Os cruzeiros de turistas que costumavam parar no Bahrain, desviaram a rota. A ponte da Árabia Saudita fechou, e com tudo isso o movimento em hotéis, shoppings, bares e restaurantes, caiu, e muito! No caso da Fórmula 1, o país estava cheio de cartazes, outdoors, pontos de venda nos shoppings, anúncios na televisão... Tudo foi retirado e imaginem só quanto $$$ perderam com isso.
Os manifestantes continuavam na Praça da Pérola. Passamos um dia por lá e vimos a praça tomada de gente, adultos, crianças, parecia uma grande festa dessas de interior, pois tinha barraca de chá, de comida, pessoas fumando narguile, televisão, rádio, cartazes. Estava tudo na paz, calmo, até o dia seguinte, quando os conflitos voltaram a acontecer.
O Bahrain, com todo o direito, pediu  ajuda dos vizinhos no Golfo e foram enviadas tropas da Arábia Saudita e dos Emirados Árabes. Mas essa atitude revoltou o Irã que considerou a entrada de tropas estrangeiras como invasão e pediu que as retirassem.
O rei decretou Estado de Emergência e após muita violência a polícia retirou os manifestantes da Praça da Pérola, mas antes de saírem, os acampantes queimaram barracas e instrumentos que deixaram por lá.
As tropas e os policiais se espalharam, houve toque de recolher das 16:00 às 4:00 da manhã e proibiram todas as concentrações e passeatas. Mesmo assim, os manifestantes xiitas voltaram às ruas cantando slogans contra o governo. Mais 8 pessoas morreram, 4 manifestantes e 4 policiais.
Após os conflitos o Governo pediu a demolição do monumento da Praça da Pérola. A escultura era um símbolo do Bahrain e representava uma pérola sustentada por arcos, pois o país é conhecido por sua indústria de cultivo de pérolas. Porém, depois da revolta, a escultura ficou marcada como ponto central dos conflitos e o Governo decidiu apagar essa imagem.
Quando os conflitos voltaram a acontecer com mais força, muitas pessoas deixaram o país, os bancos estavam cheios de pessoas que queriam transferir ou retirar o dinheiro que tinham, além de terem colocado limites para a troca de dinar por dólar, pois era muita gente querendo trocar quantias muito altas.
Nós, que ficamos por aqui esperando para ver o que iria acontecer, ficamos alguns dias sem poder sair de casa, acompanhando tudo pela televisão e Internet, com os lugares fechados, helicópteros, policiais e militares por toda parte.
Depois de controlar a situação, o Bahrain limitou as horas do toque de recolher e pediu que moradores voltassem ao trabalho. Foi então que saímos de casa e aí vimos a real situação do que havia acontecido, vimos as lixeiras dos prédios transbordando de lixo, pois nem mesmo o caminhão de lixo estava passando. vimos manifestantes encapuzados e com pedaços de madeira na mão, controlando quem entrava e quem saía de determinados bairros. Além de diversos pontos de blitz policial. Vimos prateleiras vazias nos supermercados, sem data para serem preenchidas. O país estava um caos! Nas ruas, muitas coisas quebradas, queimadas, jogadas, destruídas, dava dó de ver, pois uma das coisas que me chamou a atenção quando eu cheguei aqui no Bahrain, é o cuidado que eles têm em deixar tudo bonito, limpo e organizado...
A situação aqui no Bahrain é bem diferente dos outros países árabes. Além de ser um país desenvolvido (é o 39º na lista de IDH - Índice de Desenvolvimento Humano), o governo se preocupa com a segurança da população e tenta evitar qualquer tipo de violência e dialogar com a oposição. Tentam resolver tudo de forma pacífica, sem decisões precipitadas e violentas.
Bom, depois de uma semana de esperança com as coisas voltando ao normal, na medida do possível, recebemos um email no dia 24/03, nos informando a respeito do “Dia da Fúria”, onde os manifestantes xiitas planejavam grandes concentrações e protestos para o dia 25/03. O email era bem explicativo, inclusive com um mapa mostrando os lugares onde aconteceriam os conflitos.
Pegamos algumas coisas e fomos passar o dia com amigos que moram mais afastados do centro de Manama.
Graças a Deus, dia 25 passou, e as forças de segurança reprimiram todos os protestos.  Alguns manifestantes conseguiram protestar, mas com demonstrações mais concentradas em bairros e sem confrontos com a policia.
Agora é torcer para que tudo volte ao normal definitivamente, para que possamos sair de casa sem nos preocupar com o que pode acontecer e que voltem os shows, festivais, feiras e turistas. A propósito, o Bahrein tem até 1º de maio para decidir se terá como organizar GP de Fórmula-1. Tomara que sim, e bem vindos ao Bahrain!

segunda-feira, 21 de março de 2011

Os conflitos no Bahrain: “14 FEB”




Já tinha começado a escrever alguns textos para falar sobre os xiitas no Bahrain, mas com os últimos acontecimentos, preciso comentar o que vi e vejo aqui e um pouquinho do que sei sobre essa revolta no mundo árabe!  Ao longo de 6 meses aqui no Bahrain, procurei ler, perguntar e saber mais sobre o país: regime, religião, cultura, leis, e até mesmo conflitos...
O Reino do Bahrain é uma monarquia com um primeiro-ministro escolhido diretamente pelo rei. Na verdade a maioria dos cargos importantes são ocupados por membros da família real: Al Khalifa, que está no poder há mais de 200 anos e pertence à minoria sunita , enquanto 70% da população é formada por xiitas.
Com isso, não é novidade os xiitas causarem  conflitos, desde muito tempo eles  protestam, fecham ruas, queimam coisas, picham muros e brigam pelos seus direitos, pois se sentem discriminados e reprimidos e dizem que os sunitas tem melhores cargos, melhores salários, melhores oportunidades...
Mesmo com esses conflitos, "População xiita X Governo sinuta", que sempre existiram, ninguém imaginava que essa revolta no mundo árabe  chegaria até aqui, pegou todos de surpresa, inclusive o Rei, já que o Bahrein é um  país relativamente estável, moderno, aberto e com poucos conflitos religiosos.
Logo que os conflitos começaram a se espalhar pelos países árabes, o Rei deu para cada família  barenita 1.000 (mil) Dinar, aproximadamente 5.000 reais, claro que com o interesse de ficarem bem felizes e quietos, sem entrar na onda dos protestos da Revolta Árabe. Bom, quem não deve não teme e de nada adiantou comprar a paz, na mesma semana os manifestantes mandaram o recado:
“La Alf, La alfen... Mauadna yom el tanen”
Que significa:
“Nem mil, nem dois mil, nosso encontro será na segunda-feira”
Segunda-feira, 14 de Fevereiro: Valentine´s Day
Restaurantes, shoppings, floriculturas, o comércio voltado pra essa data. Na verdade eu fiquei até surpresa de ver essa movimentação toda no dia dos namorados, já que (teoricamente) os muçulmanos não namoram, apenas casam, e muitas vezes conhecem a noiva no dia do casamento. O mais surpreendente foi saber que na maioria das vezes, eles comemoram o dia dos namorados, não exatamente com as “namoradas” ou esposas, mas com as garotas de programa que eles normalmente “pegam” sempre e que estão esperando ansiosas essa data para ganharem uma lembrancinha como uma jóia em um jantar romântico em um Hotel de luxo... Bom, tenho muita coisa pra falar sobre isso, mas em um outro momento, voltando aos conflitos, foi no dia 14 de fevereiro que tudo começou, era impressionante a quantidade de perfis no facebook, twitter, emails com o título “14 FEB”
Os xiitas decidiram chamar a atenção do mundo todo para o que acontecia há muito tempo aqui no Bahrain. Começaram exigindo melhores condições, maiores salários, cargos no governo, libertação de presos e a queda do primeiro- Ministro (que é o mesmo há uns 40 anos e é tio do Rei). Afirmavam não ser nada relacionado à religião: "Não há sunitas ou xiitas, apenas a unidade barenita".
Logo que o presidente do Egito deixou o poder, podíamos ouvir de casa a comemoração dos egípcios aqui no Bahrain, a Embaixada do Egito fica bem perto da nossa casa e fizeram muita festa e barulho... Nosso vizinho mesmo, que é do Egito, pegou o carro e se juntou aos companheiros, fazendo uma passeata com buzinas e gritos de vitória!
Confesso que foi bonito de ver! Eles finalmente conseguiram liberdade! As imagens nos notíciarios se repetiam e acompanhei tudo com orgulho dessas pessoas, maioria jovens que lutaram e conseguiram! Mudar, recomeçar, é SEMPRE BOM!!!
Então chegou a vez do Bahrain...
No começo, foi tudo bem pacífico, os manifestantes, pegaram suas barracas e acamparam na Praça da Pérola, um dos símbolos do Bahrain. Por lá ficaram, durante dias, exigindo e sonhando com muitas coisas...




O Governo queria conversar, mas os manifestantes não queriam conversa, exigiram que soltassem os presos, e o Governo fez...Até que, resolveram exigir, a queda do Rei.
Claro que isso não aconteceu, e eles continuaram na Praça Pérola, dias e dias... Engraçado é que diferentemente dos protestos nos outros países árabes, onde as pessoas lutam por melhores condições de vida, já que são pobres, aqui no Bahrain, os xiitas lutam contra o preconceito e muitos deles tem muito dinheiro, não é difícil ver um xiita parando seu Porsche, BMW, Lexus, Mercedes e se juntando ao protesto! E é algo super organizado. Durante a marcha, um caminhão acompanha as pessoas distribuindo água e comida. Tudo pago pelos próprios xiitas, que além de protestarem, decretaram greve, o que faz os barenitas xiitas não trabalharem e com isso as pessoas que dependem deles não trabalharem e com isso parar tudo!!!
Foi então que o Rei mandou o exército para retirar os manifestantes da praça e “limpar” a área…  aí veio a violência, fecharam ruas, toque de recolher e som de helicópteros, carros de polícia e ambulâncias 24 horas por dia. Resultado: 6 mortos, centenas de feridos, hospitais cheios, shoppings e comércio fechados e supermercados lotados com pessoas e mais revolta...
Recebemos uma mensagem no celular que dizia algo mais ou menos assim: "Foi decretado toque de recolher, façam estoque de comida pois nos supermercados já estão faltando muitos produtos..." Algo bem dramático mesmo, mas não entramos na onda, pois pânico contagia! Ficamos atentos, e dentro de casa não teria porque temer, então esperamos pra ver...

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Saindo um pouquinho do Bahrain... Síria - PARTE II

Andar de táxi na Síria é uma coisa que todo turista deve fazer, uma aventura!!! Quando entramos no taxi, o coração já começa bater mais forte, o trânsito na Síria é um caos, não tem faixa para dividir a pista, os carros vão para onde querem, mesmo que seja proibido. Pois o proibido na verdade é “permitido”! Quem tira carteira de motorista na Síria, acredito eu, tem capacidade de dirigir em qualquer lugar do mundo! É algo que você ri, pra não chorar. Depois de muitas idas e vindas, tento relaxar e me divertir cada vez que entro em um taxi.
O último que eu peguei, me fez tirar um pedaço de papel e uma caneta da bolsa e anotar o que eu vi lá dentro. Acreditem!!! Todos esses objetos estava dentro do táxi: Tapetes de vários tipos, inclusive aqueles felpudos cobrindo todos os bancos (banco da frente de um tipo, banco de trás de outro) além do chão do carro e a parte do porta-malas que fica atrás do banco.
Adesivos de todos os tamanhos e cores com dizeres religiosos em árabe.
O volante e o painel eram coberto de pelúcia. O cambio, o rádio, os botões do rádio e os espelhos eram todos contornados com miçangas coloridas. Em cima do painel, haviam duas estátuas de porcelana de mulheres e dois elefantes. Umas 5 coisas penduradas no espelho e dois cachorros de pelúcia amarrados em cada cabeceira dos bancos da frente. Não tinha um canto sem enfeites. E para completar... a luz central do táxi era contornada por um mini-lustre dourado com miçangas penduradas que imitavam cristais... Uauuuuuuuuuuuuuuu!!! É realmente tanta informação que o turista não sabe se olha a paisagem do lado de fora ou se fica “viajando” na decoração interna do taxi. Até hoje me arrependo de não ter tirado uma foto.
Virou uma competição, parece que quanto mais coisas eles colocam para personalizar o taxi, mais felizes e orgulhosos eles ficam! Só espero que sobre espaço para o passageiro!!!
Além disso, ou os taxis não tem taxímetro ou estão desligados, na verdade o taxímetro é a cara do cliente ou então o humor do taxista! Num mesmo trecho feito duas vezes, uma corrida de taxi custou o dobro da outra. Só não discutimos pois a segunda foi a mais barata!!!

Curiosidade: O dinheiro da Síria é a Libra Síria (SYP). 1 dólar = aprox. 50 libras.

Vale a pena cada centavo, o país é mesmo incrível e tem muita história e cultura pra nos passar!

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Saindo um pouquinho do Bahrain... Natal na Síria PARTE I

A primeira vez que estive na Síria em 2007, realizei o sonho de conhecer minha família que ainda está por lá, as casas onde meus avós nasceram, os costumes, tradições, lugares, história... Amei TUDO! Só não sabia quando voltaria a ver tudo e todos, afinal é uma longa viagem! Mas, como dizem os árabes, MAKTUB (estava escrito) e depois de voltar em 2009 para o meu noivado, em 2010 passei meu primeiro Natal casada e na Síria!

Apesar do frio (pela primeira vez na minha vida eu tive contato com a neve... incrível), os Cristãos da Síria, se preparam para o Natal com muito entusiasmo, criatividade e fé!

As ruas (dos bairros cristãos, é claro) ficam com os prédios todos enfeitados, com luzes e desenhos contornados por luzes, papais-noéis, anjos, presépios, frases de Feliz Natal e Ano Novo, músicas, bolas, laços, flores, TUDO, tudo para o Natal! Podemos sentir o clima Natalino (aqui no Bahrain não tem nada disso). As lojas ficam abertas até tarde, e não precisamos nos preocupar porque ninguém vai chegar e pegar nossa bolsa! Com a neurose que eu tinha em São Paulo, achei o máximo, andar pelas ruas, com aquele monte de gente, sem ter que desconfiar de qualquer um que chegue perto! É tão seguro que as vezes o dono da loja sai pra dar uma volta e deixa a loja aberta. Em uma das lojas que entramos, tinham mais uns 3 clientes esperando por alguém que pudesse nos atender e depois de alguns minutos (suficientes pra levar a loja inteira) eis que surge um funcionário que tinha ido dar uma voltinha...

Natal é tempo de rever a família, fazer visitas e todos se preparam para receber as pessoas em casa. Montam a árvore, o presépio e enfeitam a sala de visitas com velas, toalhas da mesa com desenhos natalinos, enfeites e mais enfeites... É bonito ver o carinho das pessoas em preparar tudo!

Todas as casas tem aquecedores, e quando entramos vamos tirando tudo: gorro, luvas, casaco, cachecol (eu pelo menos, sempre estava com tudo isso).
Então os anfitriões nos recebem e falamos uns aos outros:
Kul sini u anti salme (quando falamos para mulher)
“kul sini u anta salem (quando falamos para homem)
 “kul sini u anto salmeen (pra todos de uma vez, o que é mais fácil!)
Com isso desejamos que a cada ano, tenham uma boa saúde, longe de coisas ruins.

Depois de sentarmos na sala enfeitada, há uma tradição que achei bem interessante e gostosa: Primeiro servem vinho ou licor (naqueles copos pequenos de licor) e amêndoas confeitadas. Temos que tomar o vinho ou licor em uma golada só, colocar de volta na bandeja e comer uma amêndoa.
Depois servem doces, normalmente doces árabes e na hora de ir embora nos oferecem chocolates (com temas natalinos) que levamos para a casa.
Uma coisa que eu percebi e até brincava com meus parentes desde a primeira vez que estive na Síria, lá você não pode falar “não quero”, e mesmo que fale: “não quero”, é como se essas duas palavrinhas não tivessem significado algum ou como se eles não as ouvissem! Servirão pra você mesmo assim, é uma ofensa não aceitar e ofensa maior ainda não comer!

Dica: Perca alguns quilos antes de ir para a Síria, pois você com certeza vai encontrá-los por lá!

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Indianos no Bahrain

No último final de semana, começaram a transmitir a novela "Caminho das Índias", em um canal árabe... Bem interessante e engraçado ver o Lima Duarte, Tony Ramos, Márcio Garcia, Juliana Paes falando árabe.
É interessante também, ver essa mistura de culturas e línguas do Bahrain. Aqui tem muito indiano (mas muito mesmo)!!! É tanto indiano que muitas coisas são pensadas e feitas para eles. Por exemplo, nos cinemas, tem sempre filmes de Bollywood em cartaz, nos supermercados tem todos os tipos de especiarias que eles usam pra cozinhar, tem um até um templo Hindu e um bairro onde as lojas são para indianos (vendem roupas, saris, batas, tudo bem colorido)
E como eles amam cores, cores e mais cores... Já vi indiano com camisa de uma cor (tipo...pink) e gravata de outra (tipo...laranja) . O zelador do nosso prédio é um indiano super simpático e um dia estava com a porta do seu apartamento, ou melhor, do seu quartinho no térreo, aberta... As paredes são TODAS violeta, acho que é por isso que ele nunca está em casa!

O inglês dos indianos é algo indescritível, precisaria gravar para vocês entenderem o que eu estou falando, as pessoas que estão no Bahrain há mais tempo, disseram que um dia eu entenderei... Bom, até agora, pra mim, inglês de indiano, é outra língua!
Tem um indiano, que chamamos do “nosso amigo da quitanda” que trabalha há 18 anos vendendo frutas, legumes e verduras aqui no Bahrain, toda vez que ele me vê ele pergunta algo sobre o Brasil, e ele pergunta em árabe... Demorou, mas depois de algumas tentativas de falar com ele em inglês, ele disse: “Por favor, fale árabe pois eu não falo inglês!!!”. OK então! Na verdade eu não preciso falar, pois vou pegando o que eu quero, ele pesa, fala o preço, eu pago, e pronto! Mas achei interessante pois meu vocabulário árabe de frutas, legumes e verduras está melhor depois de conhecer o “nosso amigo da quitanda”! 

Outra coisa que percebi logo que cheguei e quem assistiu a novela vai saber, como eles mexem a cabeça quando concordam com algo... E eles fazem assim mesmo, a primeira vez que eu vi eu até dei risada! As indianas usam mesmo aquela marca vermelha na cabeça, tem cabelos longos e pretos e passeiam pelo shopping com seus saris coloridos, igualzinho na novela!!!

A comida indiana é extremamente temperada, apimentada e, é claro, colorida! Uma vez, ganhamos uma caixa de doces indianos, feitos no feriado do Diwali, que é uma festa religiosa hindu, conhecida também como Festival das Luzes. É celebrado uma vez ao ano, e durante o Diwali, as pessoas estreiam roupas novas, dividem doces e estouram rojões e fogos de artifício. Podemos ver as casas enfeitadas com luzes (iguais às que usamos no Natal) de todas as cores possíveis.
Acreditem se quiser, mas até os doces são apimentados, temperados e... coloridos!  Na caixa tinham doces verdes, pinks, amarelos, laranjas... Confesso que, na minha opinião, eram mais bonitos do que gostosos! 

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Bem Vindos ao "My World By Words"


Um blog para compartilhar experiências e aventuras.
Onde...
Como...
Quando...
Um pouquinho de cada lugar por onde passamos e histórias interessantes  da vida longe do Brasil!!!

Vamos começar com o Bahrain!!!

O Bahrain ou Bahrein (significa em árabe "dois mares") é um conjunto de ilhas no meio do Golfo Pérsico,  o país é uma monarquia e tem aproximadamente 700 Km² . Por terra, só há ligação com a Arábia Saudita, através de uma ponte. São 2 países próximos geograficamente, mas distantes no modo de vida...

Apesar de ambos serem países Islâmicos, o Bahrain é o mais "aberto" e a Arábia Saudita, o mais “fechado” dos 6 países do Golfo: (Arábia Saudita, Bahrain, Qatar, Emirados Árabes, Kuwait e Omã). Lá, a venda de bebidas alcoólicas é totalmente proibida, não há cinemas, bares ou discotecas, as mulheres não podem dirigir e devem andar com o corpo totalmente coberto. Com isso os sauditas aproveitam o final de semana (quinta e sexta-feira) pra nos visitar e fazer tudo o que não "podem"...

Aqui no Bahrain, tem de tudo, gente de tudo o que é nacionalidade (indianos, filipinos, tailandeses, americanos, ingleses), restaurantes de todos os lugares do mundo (brasileiro tem uns 3, churrascarias, é claro), bares, discotecas, casas de massagem (que muitas vezes não são realmente para massagem), SPA, hotéis, e o GP do Bahrain, que atraí muitos turistas e faz o mundo falar um pouco sobre esse pequeno e interessante país. Aqui (ainda bem) a mulher pode andar como quer, pode dirigir e sair sozinha!
Bom, o blog apenas começou... tem muuuuita coisa pra contar!!!
Até mais...